
A pandemia provocou um desacelerar económico a nível nacional, criando inclusive a extinção de algumas empresas e postos de trabalho. No entanto, teve também um efeito contrário em alguns setores, que se mantiveram em constante crescimento, como é o caso da construção civil.
Este setor continua em franca expansão, e enfrenta em conjunto com a hotelaria e o mobiliário um desafio inesperado: a falta de mão de obra. A situação dificulta a retoma da economia e cria constrangimentos ao desenvolvimento da indústria nacional.
A Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário alerta para esta situação e para a necessidade de se criarem soluções neste sentido, evitando assim um impacto negativo na economia nacional.
Escassez laboral
Tal como indicado anteriormente, a CPCI identificou que faltam cerca de 70 mil funcionários na construção civil. Apesar da resiliência do setor, esta carência de mão de obra pode começar a criar dificuldades no desenvolvimento da normal atividade.
Com um elevado desfasamento entre a procura e a oferta de empregos, estima-se que cerca de 65% das empresas estejam a ser afetadas por esta situação o que leva a uma necessidade de soluções rápidas e eficazes.
Apesar dos números afetos ao fundo de desemprego continuarem elevados, a falta de formação é uma das justificações atribuídas a esta condição. Com cerca de 30 mil funcionários da construção civil inscritos no desemprego, não estão criadas condições laborais apelativas para que as vagas sejam preenchidas.
Torna-se assim essencial um reforço de formação profissional de mão de obra qualificada, bem como salários mais ajustados à realidade da União Europeia.
Por outro lado, verifica-se também uma subida anómala dos preços dos materiais de construção e de matérias-primas, que condicionam a atividade, colocando em causa a recuperação de vários setores.
Impacto económico
Sendo a construção civil uma das indústrias mais importantes na economia nacional, é crucial criar rapidamente soluções para que estes constrangimentos não se agravem demasiado no setor.
Com notícias diárias de novos projetos e investimentos nesta área, a reorientação da formação profissional é fundamental para a integração de novos funcionários na indústria.
É necessário criar um equilíbrio entre a procura e a oferta de trabalho, promovendo a mobilidade transnacional, permitindo assim às empresas uma gestão mais dinâmica e eficiente dos seus recursos humanos.
Por outro lado, é necessário rever as condições de trabalho, criando contratos laborais adequados à função e adaptados à realidade europeia.
Apesar de o último inquérito do Ministério do Trabalho indicar que a taxa de salário médio dos trabalhadores subiu 3.7% face ao período homólogo, estima-se que 40% dos trabalhadores deste setor ainda ganhe o salário mínimo nacional.
É ainda necessário travar a subida excessiva dos preços dos materiais, definindo preços realistas nos concursos e utilizando mecanismos para reequilibrar os contratos, de forma a ajustar as variações dos custos efetivos.
Apesar do crescimento acentuado na construção civil, a falta de mão de obra e o aumento dos custos de construção tem criado constrangimentos difíceis de solucionar a curto prazo. Tal como em outros setores, estas dificuldades são uma constante um pouco por todo o país.
Como tal, é imprescindível criar mecanismos efetivos que permitam ultrapassar esta problemática, mantendo a dinâmica da produção no setor e a sua constante evolução, contribuindo para a recuperação da economia nacional.