Maria Eugénia Varela Gomes - Assistente Social , Resistente Antifascista

1925 – Nasce em Évora, a 18 de Dezembro, filha e neta de militares.

1930 – A família muda-se para Cascais (Casa da Horta de Santa Clara, actualmente Biblioteca Municipal de Cascais).

1932 – Ingressa no Colégio do Sagrado Coração de Jesus, juntamente com a irmã mais velha, onde completa os cursos primário e secundário.

1940 – Inscreve-se no Instituto Superior Técnico que frequenta apenas durante meio ano.

1942 – Após um período de crise e de busca pessoal, entra para o Instituto de Serviço Social, onde tem como professor o padre Abel Varzim, que contribui decisivamente para as sua formação politica. É também aí que conhece Maria Manuela Antunes, a sua amiga de sempre.

1949 – O desejo de trabalhar com operários, leva-a para a fábrica Mundet (fábrica de cortiça no Seixal), mas a experiência é decepcionante, pelas limitações impostas ao que entendia ser o seu trabalho de assistente social.

1950 -Consegue esse objectivo na Câmara Municipal de Lisboa (Bairro da Boavista), onde finalmente contacta com os meios mais miseráveis dos bairros de lata.

1951 – Casa com o Capitão João Varela Gomes, com quem tem quatro filhos – Paulo, João António, Maria Eugénia e Maria da Luz.

1956 – Vai dirigir o Serviço Social do Hospital de Santa Maria, que é obrigada a abandonar após dois anos, em virtude de um processo disciplinar por motivos políticos.

1958 – Participa activamente na Campanha eleitoral de Humberto Delgado, entrando em contacto mais estreito com os vários sectores da oposição.

1959 – Envolve-se directamente na Revolta da Sé e acompanha de perto o julgamento e a prisão dos implicados, particularmente dos amigos Manuel Serra, J. Jacques Valente e capitão Vilhena.

1960 – Trabalha na BP em Cabo Ruivo.

1961–Participa activamente na Campanha eleitoral para deputados, acompanhando o marido nos vários comícios, dos quais ficou célebre o do Teatro Trindade.

1962 – É raptada e presa pela PIDE, por alegado envolvimento no golpe de Beja. É mantida isolada desde 6 de Janeiro até meados de Abril.

De 13 a 19 de Janeiro é submetida a tortura do sono, numa acção coordenada pelo chefe de Brigada Mortágua e chefiada pelo inspector Pereira de Carvalho.

Cumpre em Caxias um período de prisão até 27 de Junho de 1963, onde é companheira de algumas das mais conhecidas figuras femininas do Partido Comunista: Albina Pato, Natália David, Luísa Paula, Aida Paula, Piedade Gomes, Aida Magro, Ivone Lourenço, Albertina Diogo, Fernanda Tomás, Virgínia Moura, Julieta Gândara.

1963 – Libertada, liga-se à Frente Patriótica de Libertação Nacional, integrada numa célula juntamente com Jorge Sampaio e Lopes de Almeida, entre outros.

1964 – Está presente como ré, ao lado do marido, no julgamento dos implicados de Beja. É condenada a dezoito meses de prisão (já cumpridos) enquanto João Varela Gomes é condenado a seis anos.

1967 – Faz uma viagem a Londres para contactos com a FPLN (através de Rui Cabeçadas) e com a Amnistia Internacional.

1968 – Arredada de qualquer emprego por motivos políticos, trabalha durante um ano na Seara Nova.

Desloca-se a Paris, a uma reunião da FPLN, em que participam Lopes Cardoso, Virgínia Moura, Jorge Sampaio, Manuel Sertório, Ramos de Almeida, Sérgio Vilarigues e Álvaro Cunhal.

Funda, com outras personalidades de oposição, a CNSPP (Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos). Integra o Executivo desse organismo juntamente com Nuno Teotónio Pereira, Cecília Areosa Feio, Frei Bento, Manuela Bernardino, Lucília Santos, Luís Moita, Levy Baptista, Comandante Costa Santos.

1969 – Participa na Campanha Eleitoral pelas listas da CDE.

1970 – É novamente presa por uma semana.

1971 – Vai trabalhar para o Sindicato dos Seguros onde, entre outras iniciativas, organiza um curso de sindicalismo.

1973 – Participa na campanha eleitoral para a Assembleia Nacional. No final de um comício na Sociedade Nacional de Belas Artes, é brutalmente espancada pela policia de choque, juntamente com a filha mais nova.

1974 – Após o 25 de Abril, trabalha com advogados e membros da CNSPP na libertação dos presos políticos, bem como na posterior remodelação desta organização.

Trabalha, juntamente com Rui Cabeçadas, Stella Piteira Santos e Fernanda Lopes Cardoso, na formação da Comissão de Apoio aos Refugiados Políticos.

Parte para Angola, acompanhando o marido, sobre o qual recai um mandado de captura, por alegado envolvimento no golpe do 25 de Novembro.

1976 – Abandona Angola, na sequência do golpe de Nito Alves, e vai para Moçambique, onde sofre o duro golpe da morte do amigo Ramiro Correia.

1979 – Regressa definitivamente a Portugal, em virtude da amnistia a seu marido, que é reintegrado nas Forças Armadas em 1982, passando de imediato à reserva.

2003 -Publicação de M. Eugénia Varela Gomes – Contra Ventos e Marés, uma  biografia sob a forma de entrevista, conduzida por Maria Manuela Cruzeiro do Centro de Documentação 25 de Abril da U. de Coimbra.

2006- Falecimento, aos 90 anos.

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